Projetado na década de 1940 por Lúcio Costa, um hotel em Nova Friburgo, RJ, serviu de referência à arquiteta Silvia Scalzo e ao engenheiro Francisco Cardoso no projeto de sua moradia de veraneio.
Os quase 600 quilômetros que separam Jundiaí, cidade do interior de São Paulo, de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, foram “encurtados” no projeto de uma residência de lazer que a arquiteta Silvia Scalzo e o engenheiro Francisco Cardoso projetaram,
para eles mesmos, em território paulista. Simbólica, a “aproximação” se dá sobretudo na forma (de pavilhão) e na cobertura (em uma só água) com um trabalho da década de 1940 do arquiteto e urbanista Lúcio Costa, também responsável pelo plano urbanístico de Brasília: o
Park Hotel São Clemente, edificado na cidade fluminense.
A residência de Scalzo e Cardoso fica em uma área de preservação ambiental caracterizada pela vegetação de Mata Atlântica (secundária), situada em Jundiaí, em direção à vizinha Jarinu. Para construí-la, informa Scalzo, foi necessário conseguir autorização da Companhia Ambiental do Estado. O terreno ocupado pela edificação é, segundo definição da arquiteta, uma espécie de clareira em meio à mata – por isso, houve cuidado redobrado com a implantação, de forma que ela alterasse o mínimo possível o limite entre a clareira e as árvores, preservando as espécies.
A arquiteta explica que uma das dificuldades enfrentadas foi a inclinação do terreno – a topografia dificultava seguir a orientação (norte) ideal para que todos ambientes pudessem usufruir da iluminação adequada. Por isso, foram realizados diversos estudos de insolação. O
partido adotado pelos autores resultou na criação de um pátio interno para o qual todos os ambientes de maior permanência estão voltados. “As varandas com pergolados e a passarela dos quartos diluem os limites entre o aberto e o fechado, de modo a responder às
necessidades de proteção solar e das chuvas e ampliando o espaço interno”, detalha Scalzo.